Vocação religiosa: Testemunho de Cristo

Há três vocações específicas na vida do cristão e cada homem, cada mulher, é chamado a uma delas. Há a vocação sacerdotal, à qual são chamados os homens cuja missão é pastorear as ovelhas da Igreja, consagrar o Corpo de Cristo, representar Jesus no meio da humanidade. Há a vocação leiga, à qual são chamados os homens e mulheres cuja missão é formar suas famílias e criar novos homens e novas mulheres, guiando, com suave firmeza, seus filhos no caminho rumo a Deus. E há a vocação religiosa, da qual falaremos neste Mês Vocacional. A esse caminho são chamados os homens e mulheres cuja missão é servir a Deus e aos irmãos, vivendo uma vida de oração e trabalho em prol de toda a humanidade.

Consagrar a vida a Deus. Dedicar a Cristo toda a liberdade, todos os desejos, toda a vontade, toda a comodidade. Aos nossos olhos, contaminados pela superficialidade do mundo, isso pode parecer algo difícil, radical, árido. Difícil? Não há dúvida: nenhuma grande aventura segue por caminhos de pétalas – e não pode haver aventura maior do que partir em busca de Deus. Radical? Num certo sentido, sim, pois significa abandonar todo o excesso, todo o supérfluo para dedicar apenas ao que realmente vale a pena. Árido? Nunca: nada pode ser mais prazeroso e reconfortante do que a companhia de Deus. Assim é a vocação religiosa: a vocação assumida por monges e freiras, frades e irmãs de caridade.

Essa vocação é assumida por pessoas que se sentiram chamadas por Deus a doarem suas vidas por uma causa. Trata-se da consagração a Deus assumindo os votos de pobreza, castidade e obediência, ingressando numa Congregação ou Ordem Religiosa. Os religiosos e religiosas são os sinais visíveis do amor de Jesus Cristo pela sua Igreja e pelo mundo.

As congregações religiosas são mais de oitocentas (masculinas e femininas) e todas têm um carisma específico, deixado pelos fundadores. As Congregações podem ser apostólicas e contemplativas. As apostólicas estão inseridas nas atividades da Igreja, no meio da sociedade e do mundo. Atuam junto às paróquias, escolas, doentes, crianças, jovens, migrantes, pobres… As contemplativas reproduzem a dimensão de Cristo “orante”. São as pessoas chamadas a viverem nos mosteiros nos mais variados estilos.

Há vários carismas religiosos. Por exemplo, entre os homens há os franciscanos, os dominicanos, os irmãos maristas, os dehonianos, os redentoristas, os jesuítas, os salesianos, os legionários de Cristo, etc. Entre as mulheres há as carmelitas, as clarissas, as beneditinas, as camilianas, as concepcionistas, as filhas da Caridade, as mercedárias, etc.

O carisma da vida religiosa está orientado também para o mundo. É por causa do mundo. Demonstra o contraste com o mundo. Não é uma fuga, mas um compromisso. Os religiosos vivem, como testemunhas radicais de Jesus Cristo, como sinais visíveis de Cristo libertador, a total disponibilidade a Deus, à Igreja e aos irmãos e irmãs, a total partilha dos bens, o amor sem exclusividades, a consagração a um carisma específico, numa comunidade fraterna.

Os Votos

Numa sociedade que privilegia o poder, o(a) religioso(a) responde com a obediência. O voto de obediência é um sinal de que homens e mulheres colocam-se numa atitude de dependência.

Numa sociedade profundamente erotizada, os religiosos vivem a castidade. O voto de castidade é a oferta oblativa da própria vida. É a entrega da força vital que é a sexualidade a uma causa nobre. Vive-se a castidade canalizando a energia fundamental para as obras proféticas geradoras de vida e de esperança nas comunidades cristãs.

Numa sociedade em que há apego demasiado às coisas materiais, e em que as pessoas valem por aquilo que elas têm e não por aquilo que são, os religiosos fazem o voto de pobreza para demonstrarem que o “ter” não é tudo na vida e sim apenas um instrumento. Falar em viver a pobreza, sem ter nada em seu nome, sem buscar ambições, é um sinal profético de contraste para a sociedade que privilegia o dinheiro e o ter coisas.
Dedicar-se a Cristo é a melhor escolha

“Estando Jesus em viagem, entrou numa aldeia, onde uma mulher, chamada Marta, o recebeu em sua casa. Tinha ela uma irmã por nome Maria, que se assentou aos pés do Senhor para ouvi-lo falar. Marta, toda preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse:
– Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude.
Respondeu-lhe o Senhor:
– Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a melhor parte, que lhe não será tirada.”

Lucas 10, 38-42

Dia do Padre

Escolhido por Deus, ele recebe o Sacramento da Ordem que o consagra para a missão e o insere no presbitério. Seu carisma é a “Caridade Pasto­ral”, isto é, ser junto do povo e no meio da co­munidade a presença viva e atuante de Cristo, o Bom Pastor. Sua missão é ensinar a Palavra de Deus, pelo testemunho e pela pregação, santifi­car os fiéis pelos sacramentos, animar a organi­zação e presidir a comunidade. Sua espiritualidade emana da especial configuração a Cristo Misericordioso. Ela é evangélica, eucarística, mariana, fraterna, encarnada, alegre e geradora de esperança.

A Igreja Católica é for­mada por dioceses. A diocese é a porção do Povo de Deus que está numa região e é guiada e ali­mentada na fé, esperança e caridade pelo bispo e seus colaboradores, os padres e os diáconos. O Bispo Diocesano é o Pastor, mestre e guia, escolhido pela Igreja para ser o sucessor dos Apóstolos. É o Profeta que testemunha e ali­menta seu povo pela Palavra de Deus. É o Sacer­dote que santifica pelos sacramentos, caminha junto e conhece as suas ovelhas. Normalmente uma diocese é constituída de muitas paróquias. Cada paróquia é confiada a um pároco, quase sempre diocesano ou, na sua ausência, a um religioso. Existem no Brasil muitas paróquias sem padres, infelizmente. O padre age na paróquia e nas outras atividades diocesanas. É um sinal visível do Reino de Deus. Em tudo o que faz, atua como se fosse o próprio bispo, de quem depende e a comunhão é uma exigência essenci­al.
A pastoral vocacional deve trabalhar para que haja mais padres diocesanos. Vamos rezar sempre pelas vocações. Façamos de tudo para incentivar os jovens e adolescentes a seguir essa vocação. Vamos falar da vocação sacerdotal na família, na escola, na catequese, nos grupos de adolescentes, de jovens. Façamos de tudo para criar na comuni­dade um clima favorável ao surgimento das vocações. Este é um trabalho conjunto exercido pelo Pároco, pelos jovens, pelos catequistas. pelas famílias, os que animam a liturgia e grupos de reflexão. Todos somos responsáveis para que tenhamos mais sacerdotes. O Papa João Paulo II nos ensina: “Descei no meio dos jovens e chamai, não tenhais medo de chamar. Deve­mos chamar sempre”.

Como surgiu o mês vocacional

O mês vocacional tem sua origem logo após o Concílio Vaticano II.Com o objetivo de despertar a consciência das comunidades para a sua co­rresponsabilidade, num período de crise das vocações de especial consagração. Em 1970 surgia a primeira experiência do mês vocaciona1 no Brasil. Esta iniciativa deu certo e, em 1981, a Assembléia Geral da CNBB instituiu o mês de agosto como mês vocacional para todo o Brasil.

Vale a pena recordar o que celebramos no mês de agosto: no primeiro domingo destacamos o dia do padre, a motivação é a festa de S. João Maria Vianne, lembrada no dia 4 de agosto, padroeiro dos párocos. A vocação aqui recordada é a do padre diocesano. No segundo domingo celebramos o dia dos pais, quando recordamos o chamado a gerar vida, a continuar com a obra criadora de Deus. Ser pai e ser mãe, constituir família, assumir um estado de vida na Igreja. Motivados pela festa da Assunção de Maria, modelo de todos aqueles que dizem “sim”, celebramos, no terceiro domingo, a vocação religiosa. São recordadas aqui a vocação religiosa feminina e masculina. No quarto domingo recordamos todos os ministérios leigos e a vocação dos catequistas.

Dia dos catequistas e dos ministérios leigos

Autora: Lurdinha Batista – Pastoral da Comunicação

O ministério da catequese deriva do compromisso cristão assumido no batismo e na crisma. Pessoas de nossas comunidades se sentem chamadas por Deus para partilhar sua fé e sua experiência com Jesus Cristo. No Brasil temos mais de 800 mil catequistas espalhados por quase 110 mil comunidades. É um verdadeiro exército de evangelizadores que tem como missão anunciar Jesus Cristo e as verdades da fé àqueles que estão iniciando sua caminhada de Igreja: nossas crianças, adolescentes, jovens e àqueles que não tiveram a oportunidade de crescer na fé. É uma missão fantástica: abrir o coração de nossos iniciantes às maravilhas de Jesus Cristo, proporcionando um encontro pessoal com o Senhor e o compromisso decorrente de sua fé.
Ser catequista é ser semeador de novas vocações. O catequista é chamado a comunicar a pessoa de Jesus, a fazer o Evangelho chegar ao coração e à vida das crianças, adolescentes, jovens e adultos. O Evangelho deve chegar a todos de maneira que possa converter o coração de cada um. Deve despertar para o seguimento de Jesus Cristo e para o compromisso na Igreja e na comunidade. Todos os batizados são evangelizadores. São chamados por Deus para testemunhar sua fé no seu ambiente específico: na família, gerando, educando na fé seus filhos, construindo a igreja doméstica; na comunidade, assumindo um ministério específico – animador, catequista, ministro da comunhão, acólito ou coroinha, mensageiro de Maria, animador litúrgico, dirigente de grupo de jovens, de reflexão, de vivência…; na sociedade, assumindo uma profissão e vivendo como cristão na escola, na empresa, no comércio, na economia, no mundo da política, e nas organizações sociais como associações, sindicatos, agremiações, grupos de voluntários, conselhos e outros. São muitas as maneiras de testemunhar a sua fé nas estruturas da sociedade. É preciso que os leigos reflitam sobre sua identidade e sua missão na Igreja. “Leigo” é toda pessoa que pertence ao povo cristão, mas não à hierarquia eclesiástica.

O leigo participa verdadeiramente do sacerdócio comum de todos os fiéis e, por isso, tanto o homem como a mulher, são apóstolos, missionários, protagonistas. Pelo Batismo e pela Crisma, os leigos são consagrados para a Missão de construir o Reino: eles têm vez e voz na Igreja, são co-responsáveis na evangelização do mundo de hoje, devem atuar na política, nos meios de comunicação, no campo da educação, da cultura, do trabalho como protagonistas do Reino. Exercendo um ministério na comunidade ou na sociedade, os leigos estão inseridos no meio do mundo como fermento na massa, sal que dá sabor e luz que ilumina os difíceis caminhos. Com sua disponibilidade para doar-se, os leigos descobrem e valorizam os sinais do Reino de Deus presentes no meio da sociedade e combatem as tantas forças do anti-reino, ou seja, forças que promovem a injustiça e a morte. Antes de exercer um ministério, o leigo deve ter uma vivência de fé e um encontro pessoal com o Senhor.

Sua missão é ser sinal visível de Jesus Cristo na família, no trabalho, na política, na economia, na escola, nos Meios de Comunicação Social, nos órgãos públicos, nos sindicatos e associações e em outros espaços da sociedade.

Os cristãos leigos vivem o seguimento de Jesus Cristo no seu dia a dia, estão no meio da humanidade, solidários com ela. Vivem a mensagem do evangelho em todos os momentos e todos os lugares. Parabéns a todos aqueles que exercem um serviço na comunidade! Rezemos sempre pelas vocações.

"São muitos os convidados, mas a decisão é sua"

Marcelo Adriano Ribeiro é filho de José Ribeiro e de Helena Maria e tem um irmão: Marcos Adélio. Ele nasceu na cidade de Santo Antônio do Monte e agora, aos 27 anos, será ordenado diácono no dia 7 de Julho, na cidade de Bom Despacho.

O jornal Partilhando conversou com o seminarista Marcelo para conhecer um pouco de sua trajetória. Sua primeira fala é forte e determinada: “Desde criança sonho em ser padre. A vocação nasce na pia batismal”. Durante a conversa, ele lembra com carinho de seus padrinhos de batismo Geraldo A. Silva e Maria Lúcia Ribeiro. “Foram verdadeiros padrinhos”, diz, com muita alegria.

Marcelo destaca as experiências do encontro com Jesus na Eucaristia, ao contemplar o mistério. Para ele, são realmente momentos de contemplação e de zelo para com Jesus Sacramentado, que vão formando a sua história de vida sacerdotal.

O novo diácono lembra também de um momento de crise, situação que por vezes se faz necessária diante para fortalecer o ser humano. Para superar esse momento, Marcelo contou com a presença do confessor Padre Orlando, que o ajudou a vencer o desafio do encontro consigo mesmo e a crescer na relação com Deus e com as pessoas.

Marcelo viveu uma adolescência comum, participou de grupos de jovem. Ele lembra com carinho da Irmã Valdete, de suas conversas com a leiga consagrada Darci de Oliveira, com Padre Antônio de Simone. Ele tem lembranças marcantes da Pastoral Vocacional, quando tinha como companheiros de equipe, na época: Janice, Jusenice, Marilza, Robson e Nilson.

O seminarista freqüentou encontros vocacionais e nesse processo de busca encontrou a resposta da sua vocação: queria mesmo estar a serviço da Igreja. “Nesse despertar vocacional”, comenta Marcelo, “o seminário nos questiona por meio de várias formas: filmes vocacionais, psicólogos, confissões, leituras, retiros”.

Marcelo esteve no seminário de Teologia e realizou seus estágios pastorais em Iguatama e Arcos, acompanhando as pastorais, conhecendo a realidade diocesana nos momentos do Projeto Formamos a Igreja Viva.

Para chegar à ordenação, o seminarista Marcelo teve a aprovação do Conselho de Presbítero da Diocese de Luz, após uma consulta feita nas paróquias onde ele realizou seu estágio pastoral. Neste tempo de preparação para a ordenação diaconal, ele vive um momento de muita oração, emoção e felicidade, esperando grandes desafios depois da ordenação e tendo em mente a importância de estar a serviço da comunidade.

Depois da ordenação, haverá uma Semana Catequética Vocacional em Bom Despacho, na Paróquia São Vicente, com Missa todos os dias na Matriz, visita às famílias, escolas e creches. Esse momento contará com a presença dos seminaristas da Teologia e Propedêutica e dos padres da Diocese que estarão envolvidos.

“Eis-me aqui Senhor, envia-me.” é um versículo que marca a caminhada vocacional de Marcelo. “O ideal de ser padre sempre ficou marcado no meu coração, revelando o chamado de Deus para minha vida.”