Projeto Formamos a Igreja Viva

Autor: Sem. Marcos Tiago da Silva

Estimados paroquianos de Santo Antônio do Monte, neste ano celebramos os 90 anos de criação de nossa querida diocese de Luz. É o Povo de Deus em festa, pois ao celebrar esse jubileu, somos chamados a agradecer a Deus por inúmeras pessoas que por aqui passaram e que foram capazes de fazer de suas vidas um dom – um instrumento – a serviço do Reino de Deus. E também a reconhecer que ainda há muito que fazer e que todos nós somos membros do corpo de Cristo, que é a Igreja e, por isso mesmo, somos co-responsáveis pela missão de implantar a Boa Nova no mundo.

É na certeza e confiança de estarmos caminhando e trabalhando sempre mais para a construção de uma Igreja que “forma o Povo de Deus, renova a comunidade e transforma a sociedade”, que iniciamos mais uma etapa do nosso Projeto Diocesano de Pastoral: “Formamos a Igreja Viva”.

Neste quarto ano do nosso Projeto, vamos refletir sobre a SOCIEDADE, mas antes de iniciarmos esse tema, queremos olhar um pouco para trás e reconhecer o caminho já percorrido nos últimos três anos, após a II Assembléia Diocesana de Pastoral.

No primeiro ano (2006), buscamos aprofundar a reflexão acerca da pessoa humana em sua totalidade, trabalhando em três momentos de formação os seguintes temas: afetividade, ética e espiritualidade, mostrando assim, que deve haver uma constante harmonia entre todas essas dimensões, procurando sempre uma boa integração naquilo que somos. Dessa forma, fomos conduzidos a tomar consciência de que somos seres de relações, que existimos com o outro, com a natureza e com de Deus.

No ano seguinte (2007), nossa reflexão se estendeu ainda mais; nos dedicamos ao tema da comunidade, levando em consideração que, na condição de pessoas, filhos e filhas amados e amadas de Deus, somos chamados a viver em comunhão, tendo sempre em mente o modelo deixado pelas primeiras comunidades cristãs, onde a fraternidade e o amor constrói a unidade.

Abrindo ainda mais o nosso campo de reflexão e ação, neste quarto ano do projeto (2008), vamos refletir sobre a sociedade em três momentos de formação e espiritualidade. No primeiro dia de formação, que aconteceu no dia 29 de março em âmbito paroquial, contamos com a presença de setenta e sete membros de nossas comunidades. O eixo central de nossa reflexão foi a questão do “Olhar Cristão para a Sociedade”.

Auxiliados pelos membros da comunidade que participaram do dia de formação em âmbito forâneo e, também pelos nossos padres, buscamos perceber como deve ser o nosso olhar de cristãos para a sociedade na qual estamos inseridos.

Após realizar uma “radiografia” da sociedade, destacando assim, os pontos positivos e os desafios a serem melhor trabalhados, chegamos à conclusão de que o nosso olhar cristão não pode ser “romântico” (pensar que tudo está bom), nem “pessimista” (pensar que tudo está perdido), mas devemos ter sim um olhar de esperança, que seja capaz de ir além daquilo que nos é apresentado, um olhar que nos leve a ser “profetas da esperança, da com-paixão e do amor”.

Outra dimensão do olhar cristão para a sociedade que também foi refletida e se torna muito importante para nós, principalmente neste ano de eleições municipais, é a necessidade de cultivarmos um olhar “compromissado”, que nos faça sentir responsáveis pelo rumo que nossa sociedade está tomando ou deixando de tomar. Pois, como dizia o Papa Paulo VI: “Um gesto de caridade acaba com a fome de uns poucos, mas uma boa política pode acabar com a fome do mundo”. Portanto, devemos ter claro que o discípulo-missionário de Jesus, deve testemunhá-Lo em todo e qualquer lugar onde quer que se encontre.

Fica para nós um convite: tomar conhecimento e participar das comemorações dos 90 anos de nossa Diocese, buscar refletir nas comunidades, pastorais e movimentos os temas e materiais propostos pelo nosso projeto de pastoral, procurando assim, reconhecer a importância do testemunho cristão para a transformação de nossa sociedade. Sem perder de vista que as grandes mudanças só começarão com a nossa significativa contribuição e testemunho de fé, esperança e caridade.

Dom Félix: “Sirvamos sem temor”

Entrevista a Elias Costa
Originalmente publicada em Partilhando em Dezembro/2005 – edição 9

Dom Antônio Carlos Félix, Bispo da Diocese de Luz, é natural de Caldas, um pequeno povoado perto de Poços de Caldas, no sul de Minas. Ele é o quarto bispo no histórico da diocese, eleito em 2003 para suceder D. Eurico. D. Félix esteve em nossa cidade em novembro para realizar a Crisma de cerca de 400 jovens. Em entrevista exclusiva, ele fala aos leitores do Jornal Partilhando sobre sua vocação e sobre o sacramento da Crisma.

Partilhando: Dom Félix, a Igreja é muito rica em símbolos. Qual a importância deles?
D. Félix: A Igreja possui muitos símbolos por acreditar no alcance e na capacidade que eles têm de atingir todas as pessoas. No caso da crisma, o que ocorre é a unção espiritual na alma do crismando. A crisma não é uma imposição de Deus e sim uma escolha aberta e consciente. Nascidos para a vida da graça pelo Batismo, é pela Crisma que recebemos a maturidade da vida espiritual. Somos fortalecidos pelo Divino Espírito Santo, que nos torna capazes de defender a nossa fé, de vencer as tentações, de procurar a santidade com todas as forças da alma. Os símbolos que representam essa mudança são o marco na fronte do crismando com o Sinal da Cruz e a unção com o óleo da oliveira.

Partilhando: Como o senhor se sente crismando tantos jovens?
D. Félix: Sinto-me muito alegre. A cada nova crisma a Igreja se enriquece e se fortalece. A crisma deve ser enxergada com uma sementinha que é plantada no coração de cada fiel, que então, passa a ter uma nova vida nos caminhos de Deus. O importante é que essa semente se fortaleça, cresça e frutifique, gerando uma vida plena de fé e de graça.

Partilhando: Qual é, em sua opinião, o ponto mais positivo na Igreja Católica hoje?
D. Félix: Acredito que seja a tomada de consciência, por parte da Igreja, da realidade das pessoas das mais variadas comunidades. Queremos tornar a Igreja cada vez mais acolhedora e solidária, dessa forma, buscamos despertar em cada comunidade o desejo de tornar Jesus Cristo mais conhecido e amado e que isso ajude no resgate da dignidade das pessoas. Compreender a atual realidade é um passo fundamental no processo de evangelização e humanização.

Partilhando: Qual é a importância da evangelização por meio dos novos meios de comunicação como a TV, o jornal e a internet?
D. Félix: A Igreja vê com muito agrado e bons olhos estas novas mídias, mas uma coisa deve ser levada em consideração: os objetivos e as formas como são usadas. A Igreja aprova seu uso desde que feito de forma correta, humana e ética, que busque, principalmente, o bem comum. Hoje, a Igreja Católica no Brasil conta com uma rede de 100 estações de rádio e uma cadeia de 12 canais de TV. Essa estrutura tem se mostrado importantíssima e temos nela uma grande aliada na processo de evangelização. Esperamos poder contar na Diocese de Luz, em breve, com um veículo que proporcione uma maior integração e evangelização das nossas comunidades.

Partilhando: Como tem sido seu trabalho na Diocese?
Dom Félix: Árduo, difícil, mas muito gratificante. Temos a benção de Deus em nossos dias e agradeço muito a ele por tudo que ele nos tem proporcionado. Em nossa Diocese, temos um tesouro muito especial: um povo muito acolhedor e fervoroso. É muito gratificante trabalhar dentro de uma diocese que conta com um ambiente de amor, dedicação e fervor. Isto nos revitaliza, fortalece e dá a confiança e perseverança necessária para evangelizar e trabalhar nos caminhos de Deus.

Partilhando: Todos os bispos têm um lema. Qual é o seu? A uma justificava para ele?
Dom Félix: Meu lema é: “Sirvamos sem temor”. É uma passagem da Bíblia que me inspira muito (Lc 1. 74, 75). Ela vem convidar a todos a servir a Deus sem medos e sem inseguranças; a sermos presentes e atuantes nos caminhos de Deus.