Que preguiça de ir à missa…

Era pensando assim que, muitas vezes, eu preferi ficar em casa. Algumas vezes tinha um jogo legal na TV; outras tinha visita em casa; às vezes era um trabalho que precisava ser feito; de vez em quando, era a chuva. Qualquer desculpa bastava. Mas minha consciência, muito mais esperta que eu, fazia questão de pesar.

Mas não é só a preguiça, no entanto que nos afasta da missa.

A nossa má formação católica também nos afasta. Principalmente quando somos adolescentes, acabamos dando ouvidos às bobagens daqueles que dizem que “é mais importante rezar em casa do que ir à missa”. Na nossa cabeça, isso acaba virando mais uma desculpa para faltar. Tem também quem resolva fazer o tipo “revoltado”. A pessoa desiste de ir à missa porque assim se sente mais independente, “diferente”. No fim das contas, essas pessoas acabam se achando melhores do que as pessoas que vão sempre à igreja.

Outra coisa que nos afasta da missa é o pecado. Às vezes ficamos com vergonha de nos confessar diante do padre, vamos adiando e assim deixamos de receber a comunhão. Com o tempo, como não estamos mais comungando, achamos desnecessário ir à missa.

Há outras pessoas que, não entendendo o que a missa significa, a acham “chata”. Para essas pessoas, a missa deveria ser um espetáculo com piruetas e shows de luzes. Isso é falta de compreensão: a missa não é um evento qualquer, não é um showzinho. É o momento em que nós, seres humanos, nos juntamos aos anjos para adorar a Deus. É o momento em que Deus está fisicamente diante de nós, é quando tomamos contato íntimo com Ele por meio da comunhão. Sendo assim, é um momento profundo, especial, que pede de cada um de nós concentração, disponibilidade, meditação. Cada palavra e cada gesto feito pelo sacerdote na missa têm um significado que deveríamos conhecer, pois assim saberíamos apreciar e participar adequadamente do banquete do Senhor.

Não devemos deixar de freqüentar a missa de jeito nenhum. Mesmo se não pudermos comungar. Ora, ao invés de nos afastarmos da comunhão por causa da vergonha de nos confessar, o desejo de receber a comunhão é que deve nos conduzir à confissão. Devemos ter a humildade de reconhecer que, sozinhos, nada podemos e que, se rezar em casa é muito importante, não é suficiente. Devemos ter a caridade para compreender que, se as pessoas que participam da missa cometem erros e pecam, errariam muito mais e pecariam muito mais se não participassem.

Participar da missa é um privilégio. Sejamos menos egoístas, menos preguiçosos, menos exigentes quanto ao ritual e mais receptivos a Deus. Dediquemos ao Senhor uma hora de nossa vida, pelo menos uma vez por semana. Cada um poderá sentir por si próprio como isso lhe fará bem, como vai reaproximá-lo de Deus. Participar da missa não é um mero dever, é uma necessidade, é uma alegria. Receber o Corpo de Cristo é uma graça que só os tolos podem recusar.

Deixe Cristo entrar em sua vida

Não é fácil ter tempo para Deus; não é fácil pensar nEle. O mundo anda tão corrido, tão complicado, que é mais simples deixar para depois. Há o trabalho, há os estudos – como interromper nossas tarefas para gastar tempo com Cristo? E quando sobrar tempo… Bom, precisamos é nos divertir, jogar bola, ver novela, beber uma cerveja, afinal, ninguém é de ferro!

Mas, enquanto isso, Jesus Cristo bate à porta. Ele chama, estende a mão. Ele é o Bom Pastor, que não descansa enquanto uma ovelha estiver perdida, que luta para afastar o lobo e manter o rebanho protegido e que não descuida de nenhum cordeiro. Por isso, aqueles que se perdem, Ele procura. Aqueles que se afastam, Ele busca. Aqueles que se escondem, Ele acha. Aqueles que Lhe fecham a porta, ele chama. Você vai ouvi-lo?

Todos conhecemos a história de um jovem aventureiro que um dia, com o espírito curioso e ansioso por conhecer o mundo, pediu ao pai a sua parte da herança e foi-se embora. Ele viajou, divertiu-se de forma vergonhosa, esbaldou-se no pecado, deixou para trás sua família e seu Deus para mergulhar nos “prazeres” do mundo. Mas todos sabemos como ele quase terminou. Estava esse jovem a chafurdar no chiqueiro, a alimentar-se com as sobras dos porcos, quando se arrependeu, e, decidindo que seu fim não seria aquele, resolveu voltar – para casa, para seu pai, para Deus.

Será que somos como esse jovem? Estamos em casa pensando em pedir a nossa parte da herança? Ou até já pedimos e estamos a caminho do pecado? Ou, pior, já estamos no chiqueiro? Tomara que não. Mas, se algum dias nós escorregamos, ou se algum dia viermos a escorregar, tomara que tenhamos a humildade – e a coragem – desse jovem de pedir perdão e de retornar.

Estamos na Quaresma. Devemos aproveitar estes dias para nos reencontrarmos com Deus, para abrirmos nossos corações para Jesus, para deixá-Lo entrar em nossa casa, para deixá-Lo conviver com nossa família. Partilhar com Ele a nossa vida. Precisamos nos converter.

Converter-nos significa fortalecer a nossa fé, cultivá-la e fazê-la dar frutos. Que frutos são esses? Ora, é a salvação da nossa alma e daqueles que estão perto de nós. É o bem que pudermos fazer ao nosso redor. É a felicidade que pudermos construir na nossa família. E é o trabalho que pudermos fazer em nossa comunidade e em nossa Igreja.

Converter-nos significa também ter a coragem de contrariar o mundo. Homem que é homem, mulher que é mulher, faz o que é certo, não o que os outros fazem. Nos tempos modernos, algumas pessoas, principalmente na TV, no cinema e nas revistas, querem convencer os outros de que amar a Deus, de que seguir uma religião é coisa fora de moda. Eles dizem que nada é pecado, que não existe mais o certo e o errado. Essas pessoas, talvez sem saber, fazem o serviço do demônio. É preciso dizer NÃO a essas mentiras, é preciso voltar ao seio da Igreja, é preciso fugir do pecado e correr para os braços de Jesus.

E não é possível encontrar Jesus longe da Igreja. Aqueles que pensam que podem chegar a Ele sozinhos estão enganados. Somente a Igreja pode nos mostrar o Jesus verdadeiro, o Filho de Deus, sem os disfarces que muitos quiseram colocar nEle – como os disfarcee do revolucionário político ou do filósofo relativista.

Somente nos abriremos de verdade para Jesus quando estivermos vivendo verdadeiramente a vida cristã – e isso significa, também, participar das missas, comungar sempre, confessar-se com freqüência. Aquele que fica longe da Igreja, na ilusão de que poderá encontrar Jesus sozinho vive em ilusão. Afinal, nenhuma planta vive nem dá frutos se estiver esquecida na escuridão, sem luz e sem água. Os alimentos espirituais que nos fazem crescer na fé só podemos encontrar na Igreja Católica: são o Jesus Eucarístico e a Palavra de Deus.

Quem está afastado de Cristo precisa saber que Ele está só esperando que O deixem se aproximar. Quem está afastado da Igreja, precisa voltar. Quem se perdeu no caminho, precisa esquecer as palavras perigosas daqueles que não têm fé, esquecer as armadilhas do mundo, esquecer os pesos do passado. Fazer como o filho pródigo: fugir do chiqueiro dos pecados e correr para o lugar onde há alegria, amor e felicidade.

O Corpo de Cristo

Autor: Nilson Silva – PJ
Originalmente publicado no Jornal Partilhando em Junho/2006 – edição 15

No santíssimo sacramento da eucaristia estão ‘contidos verdadeiramente, realmente e substancialmente o Corpo e o Sangue juntamente com a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, o Cristo todo’’”.

Com estas palavras, o Catecismo da Igreja Católica (§ 1374), fazendo eco ao Concílio de Trento, afirma uma das mais belas e importantes verdades de nossa fé: Cristo, Deus e Homem, torna-se presente por completo. Essa “presença começa no momento da consagração e dura enquanto subsistirem as espécies eucarísticas”, isto é, o pão e o vinho. Em cada uma delas e por inteiro em cada uma das partes, Cristo está presente. Ele não se divide ao fracionar o pão.

Foi desta maneira única que Cristo quis permanecer visivelmente em sua Igreja. Entregando na cruz sua vida para nossa salvação, quis ainda permanecer conosco de modo que pudéssemos contemplá-lo com nossos sentidos. E esta sua presença somente podemos descobrir com fé, que Deus mesmo concede. Na pequenez do pão saído do grão de trigo e do vinho, ambos frutos da mão do homem, Jesus escolheu estar conosco. É Deus mesmo que, por sua graça, transforma o pão e o vinho no Corpo e Sangue de Cristo, quando o sacerdote, que é figura de Cristo, pronuncia as palavras “Isto é o meu corpo… isto é o meu sangue…” Desta forma, não é o homem que faz com que o pão e o vinho oferecidos se tornem o Corpo e o Sangue de Cristo, mas o próprio Cristo que faz, Ele que se ofereceu por nós na cruz. Portanto, receber dignamente o Cristo na eucaristia, deve ser para nós a maior alegria e mais honrado dom. Por tudo isto, a eucaristia é o coração da vida da Igreja e o seu ponto máximo. A celebração da eucaristia, em que Cristo derrama as graças da salvação sobre a Igreja, comporta a proclamação da Palavra de Deus, a ação de graças a Deus Pai, a consagração do pão e do vinho e a participação no banquete litúrgico pela recepção do Corpo e Sangue do Senhor.

A eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, é Cristo mesmo, sacerdote eterno da Nova Aliança, e é esse mesmo Cristo realmente presente.Sendo sacrifício, a eucaristia é oferecida em reparação dos pecados dos vivos e defuntos e também para obter de Deus benefícios temporais ou espirituais. A comunhão perdoa pecados veniais e preserva de pecados graves, uma vez que aumenta a união do comungante com o Senhor.